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Vamos ser pais e agora?

  • educamenteonline
  • Jul 27, 2020
  • 3 min read

Updated: Jan 1, 2021

As várias classificações do ciclo vital da família consideram que o nascimento do primeiro filho é o acontecimento-chave que propicia a transição para uma nova fase da família (cf. Relvas, 1996). O nascimento de um filho implica grandes mudanças e adaptações a novos papéis, responsabilidades e rotinas, tendo por isso um enorme impacto na vida pessoal e familiar dos novos pais.

Quando nasce o primeiro filho, as rotinas quotidianas da família alteram-se totalmente. Os pais têm de se adaptar as necessidades do bebé e criar rotinas ligadas à alimentação, ao banho, à hora de dormir, à mudança de fraldas (Fiese, 2006a). Pode ser necessário um tempo de adaptação mais ou menos prolongado até que se estabeleça uma ordem mais ou menos previsível do dia-a-dia familiar.

A parentalidade diz respeito às funções executivas, designadamente a protecção, educação e integração na cultura familiar das gerações mais novas. Estas funções podem estar a cargo não só dos pais biológicos, mas também de outros familiares ou até de pessoas que não sejam da família. Em qualquer família, o modelo de parentalidade evidenciado resulta da elaboração de modelos de parentalidade construídos nas famílias de origem. O seu desenvolvimento vai-se processando a partir do estádio de evolução familiar e dos contextos vivenciais da própria família (Sousa, 2006).


O sub-sistema parental é normalmente constituído pelo mesmo número de adultos que o sub-sistema conjugal mas as suas funções são executivas e destinam-se a educar e a proteger as gerações mais novas. É a partir das interacções pais-filhos que as crianças aprendem o sentido da autoridade, a forma de negociar e de lidar com o conflito no contexto de uma relação vertical. É ainda no contexto desta interacção que se desenvolve o sentido de filiação e de pertença familiar. De acordo com Bronfenbrenner (1979/1986), a família caracteriza-se como sendo o primeiro ambiente no qual a criança participa activamente, interagindo através de relações face-a-face.


Como qualquer período de transição, tornar-se pai e mãe é um ponto de viragem durante o qual a vida da pessoa adquire uma nova direcção, requerendo a adaptação ou mudança na vida e nos comportamentos que se têm. Daqui pode resultar um desequilíbrio, tanto quanto pode resultar desenvolvimento e aquisição de competências psicológicas e sociais (Araújo e Canavarro, 2001; Figueiredo, 1997 cit por Monteiro, 2005).


Tradicionalmente, a transição para a parentalidade foi vista como a crise mais importante na vida da mulher, implicando adaptações importantes e a curto-prazo (LeMasters, 1957). O aspecto de crise da chegada do primeiro filho foi sublinhado por estudos que analisaram o stress sentido após este acontecimento (Tessier, Piche, Tarabulsky e Muckle, 1992; White e Booth, 1985). Perante situações de stress, as famílias reagem de modos diversos. Esta questão tem vindo desde há algumas décadas a interessar investigadores e clínicos, que procuram esclarecer o facto de algumas famílias apresentarem estratégias de coping adequadas e funcionais perante situações adversas, enquanto outras parecem descompensar mesmo diante de mudanças similares ou até de pequenas transições de vida (McCubbin e Patterson, 1983). O significado que a família atribui a um acontecimento indutor de stress é designado por percepção familiar, sendo um conceito neutro, significando apenas pressão sobre a família. O grau de stress sentido na família depende em larga medida da percepção e avaliação familiar (Boss, 2002).


Gravidez


A gravidez é um processo que corresponde a um período que acontece entre a concepção e o parto. Como descreveram Colman e Colman “a gravidez é um estádio de desenvolvimento relativamente curto que inaugura um estádio de desenvolvimento muito mais longo: a condição de ser mãe ou de ser pai” (1994, p.175). Já a maternidade é um processo a longo prazo que ultrapassa a gravidez, onde ser mãe também é uma “acomodação contínua entre expectativas e realidades” (Colman e Colman, 1994, p. 178). Canavarro (2001) e Canavarro e Pedrosa (2004) fazem uma revisão da literatura e reflexão sobre o significado das mudanças e tarefas desenvolvimentais – reavaliação e reestruturação da relação com os pais (família de origem); reavaliação e reestruturação da relação com o cônjuge/companheiro; construção da relação com a criança enquanto pessoa separada; e reavaliação e reestruturação da sua própria identidade. Assim, a adaptação à parentalidade traduz-se na capacidade de superação das tarefas desenvolvimentais mencionadas, fundindo-as na capacidade de cuidar e educar uma criança, contribuindo, quer para o seu desenvolvimento harmonioso, quer para o próprio desenvolvimento pessoal (Canavarro, 2001).




 
 
 

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